A versão 2012 da popular série de futebol Pro Evolution Soccer chega ao mercado no dia 27 de setembro. Muitos fãs leais da franquia estão contando os dias para poder colocar as mãos no novo título, que promete melhorias na tradicional jogabilidade do futebol-arcade mais jogado dos gramados eletrônicos.
Enquanto o novo game não chega às prateleiras, o TechTudo mata sua fome de bola virtual relembrando um pouco da história dos games de futebol da Konami, que redefiniram os rumos da gorduchinha nos videogames, transformaram peladeiros em esportistas digitais, mudaram de nome várias vezes e fizeram história atravessando quatro gerações de consoles.
Começa o jogo!
O primeiro futebol da Konami foi lançado para MSX em 1985 com o nome de Konami Soccer, um game que tinha jogabilidade limitada e cujo gramado não obedecia a proporção das dimensões oficiais. A segunda investida da empresa no gênero foi em 1992, com o lançamento de Konami Hyper Soccer para o Nintendinho, título que fazia fazia parte de uma série de jogos de esporte, que contava ainda com títulos como Track and Field. Apesar de não ter sido um sucesso absurdo (Goal era muito mais popular no NES), preparou o terreno para investidas mais ambiciosas.
Em 1994, os donos de Snes foram brindados com Jikkyō World Soccer: Perfect Eleven, que ganhou o nome de International Superstar Soccer no ocidente. O game foi uma verdadeira revolução: os gráficos, pela primeira vez, pareciam retratar seres humanos de verdade, em vez dos pequenos bonequinhos mal articulados que eram vistos em jogos comoFormation Soccer e nos primeiros FIFAs. Além disso, os movimentos eram reais e a jogabilidade fluía bem, permitindo a execução de dribles, pedaladas e embaixadinhas. Perto deSuperstar Soccer, os outros jogos de futebol pareciam peladas de várzea.
Logo depois, saiu uma atualização: International Superstar Soccer Deluxe conseguia ser ainda mais perfeito que seu antecessor, melhorando a inteligência artificial da CPU, apresentando mais animações dos personagens e facilitando chutes com efeito nas cobranças de faltas e escanteios.
A franquia Superstar Soccer ainda teve uma excelente versão para o Nintendo 64, que foi lançada em 1997. No ano seguinte, saiu ISS ’98, já com grandes mudanças nos nomes dos jogadores e na mecânica das bolas paradas. Na virada do milênio, foi lançadoSuper Star Soccer 2000 para o mesmo console, e em 2002 e 2003 sairam versões obscuras do game para o Playstation 2 – porém, o console da Sony já estava tomado por outro game da mesma empresa, o incrível Winning Eleven.
Mas não vamos pular etapas: antes de chegar ao PS2, a Konami arriscou jogadas no primeiro console da Sony, enfrentando concorrência digna de final de Brasileirão pelo título de melhor futebol dos 32 bits.
Apesar do clichê popular de que “não se mexe em time que está ganhando”, a Konamiresolveu fazer mudanças significativas para a estréia do seu futebol no PSOne. Seguindo a moda do console, os sprites foram abandonados para dar lugar a gráficos poligonais. Surgia assim em 1996 a franquia Winning Eleven, com o lançamento de World Soccer WE.No ano seguinte, J-League Jikkyō Winning Eleven 97, foi lançado apenas na terra do sol nascente contando com os times da J-League, o campeonato japonês. O game foi localizado para o ocidente com seleções mundiais, ganhando o nome de Goal Storm nos EUA e International Superstar Soccer Pro na Europa.
O game enfrentou concorrência forte da sérieWorldwide Soccer, do Sega Saturn, que tinha gráficos mais bonitos. Por isso, a Konami contra-atacou em 98, lançandoInternational Superstar Soccer ’98, que ficou conhecido como Winning Eleven 3 no Japão. Este game não era licenciado, mas contava com imitações de craques e estádios famosos, como o Stade de France, palco da final da copa do mesmo ano.
A próxima atualização do game já começou a apresentar o esboço do título que hoje estampa todos os games da franquia: ISS Pro Evolution, que saiu em 1999, se apresentava como uma “evolução” do tradicional Superstar Soccer. Pro Evolution 2, que corresponde a Winning Eleven 2000, foi lançado logo em seguida ainda para o Playstation um, preparando terreno para a grande virada da Konami a caminho da hegemonia nos gramados dos videogames.
Como a laranja mecânica de Cruyff, a Konami conseguiu dar um baile na concorrência noPlaystation 2. A estréia da série no console também foi o primeiro game a receber o título dePro Evolution Soccer, que correspondia ao Winning Eleven 5 japonês.
Utilizando o potencial do novo hardware, a série ganhou gráficos mais realistas e com menos serrilhados. Os goleiros ficaram mais espertos, e fazer gols passou a ser um pouco mais complicado, contrastando com os placares extremamente elásticos dos jogos anteriores. Além disso, este jogo já contava com 53 seleções e 32 clubes licenciados, acabando de vez com as paródias de jogadores presentes em títulos anteriores.
Depois deste game, a Konami ganhou de goleada: praticamente não se falava em outro jogo de futebol durante o reinado da série PES no Playstation 2. O game virou sinônimo de futebol virtual, ganhando atualizações anuais que vendiam como água nos grandes magazines e até nas barracas de camelôs.
Pro Evolution Soccer 2 (Winning Eleven 6) saiu em 2002 para PS2, Gamecube e também para PSOne. O game seguinte – que, em vez de jogadores famosos, trazia a careca reluzente do juiz Pierluigi Collina na capa – trouxe melhorias na jogabilidade e um novo motor gráfico.
PES 4, de 2004, aumentou a quantidade de times selecionáveis para 200, trazendo as principais seleções do mundo e licença de grandes campeonatos nacionais, como a Liga Espanhola e a Serie A italiana. Porém, outros campeonatos importantes, como a Premier League e a Bundesliga, apesar de constarem no game, não tinham adaptações oficiais.
A atualização seguinte contou com uma novidade: no Playstation 2, Pro Evolution Soccer 5trouxe pela primeira vez um modo on line , permitindo que jogadores de diferentes países disputassem ao redor do globo. Além das partidas internacionais, PES 5 também tinha leaderboards: o progresso do jogador era salvo no servidor do jogo, que colocava todos os competidores do mundo num ranking global, separando os gamers em cinco divisões, de acordo com o progresso do seu time no jogo.
O dia 27 de outubro de 2006 marcou o ponto alto da franquia, com o lançamento de Pro Evolution Soccer 6, ou Winning Eleven 10. Foi o primeiro jogo da série a chegar na nova geração de consoles, tendo uma versão para Xbox 360 onde a física da bola era muito mais realista do que no PS2. Modos clássicos como a Master League retornaram, e esta versão também marcou a estréia do International Challenge, um desafio onde o jogador assume o controle de uma seleção mais fraca e precisa se classificar para competições internacionais – este recurso já estava presente nas versões japonesas do game, mas pela primeira vez chegou ao ocidente.
Cedendo o empate nos acréscimos…
Porém, apesar de ter sido o time dos sonhos no PS2, Pro Evolution Soccer fez um gol contra nos consoles da nova geração. O primeiro jogo multiplataforma para todos os videogames modernos foi Pro Evolution Soccer 2008, marcando a mudança da numeração da série, que passou a adotar anos em vez das versões como critério – assim como seu concorrente FIFA.
Mas as novidades basicamente pararam na embalagem, já que o jogo mantinha o mesmo esquema das versões anteriores – com isso, a franquia perdeu terreno, já que a EA Sportsvinha implementando melhorias cada vez mais significativas nos seus jogos, que já a partir deEuro 2008 apresentavam gráficos e jogabilidade melhores que os da série PES.
Quando Pro Evolution 2009 foi lançado, a Konami tentou se aproximar da concorrência copiando modos de jogo que haviam sido incorporados pela rival: o novo “Become a Legend” já estava enraizado nos FIFAs como “Be a pro”. Outro ponto positivo foi que a Champions League havia sido totalmente licenciada, mas ainda assim PES apresentava menos clubes e atletas reais que a concorrência. Mesmo assim, estava claro que a Konami não largaria sua galinha dos ovos de ouro: até 2009, seus games de futebol haviam vendido mais de 56 milhões de cópias em todo mundo.
Assim, o nono jogo da série PES, Pro Evolution Soccer 2010, foi lançado em 23 de outubro de 2009. Porém, o título empalidecia perto de FIFA 10. A esta altura, apenas os fãs mais hardcores não reconheciam a inegável superioridade do rival, que aproveitou o embalo da copa do mundo para lançar um título especial da Copa da África, deixando os problemas de licenciamento da Konami ainda mais evidentes.
O jogo mais recente da série saiu em outubro do ano passado. PES 2011 conseguiu fechar um acordo com a UEFA e a CONMEMBOL, trazendo as duas competições de clubes mais importantes do mundo: a Champions League e a Copa Libertadores. Por conta disso, teve um bom desempenho no mercado sulamericano, mas ainda assim alguns bugs de jogabilidade extremamente irritantes (como aquele passe pra fora após a cobrança dos laterais) deixavam claro que a Konami podia ter caprichado mais dentro das quatro linhas.
O problema é que a derrocada do PES não foi apenas por falta de capricho – faltou inovação também. Seus vários títulos vem, ao longo dos anos, apresentando um constante mais do mesmo. A única revolução da franquia em mais de uma década aconteceu no Nintendo Wii, que teve versões bem particulares dePES: uma jogabilidade exclusiva, utilizando oNunchuck e o Wiimote, tornava possível o controle de mais de um jogador ao mesmo tempo, facilitando tando a ofensiva (passes, lançamentos e cruzamentos eram feitos com um clique) quando na defesa, já que com um gesto era possível fazer linha de impedimento para conter quem dependia muito do “chuveirinho”.
Apesar de aclamadas pela crítica (os jogos do Wii recebiam reviews melhores do que os games da franquia lançados para Xbox 360 e PS3), muitos fãs torceram o nariz e optaram por esquemas de controles mais clássicos… se até os fãs se voltaram contra a novidade, será que a série, como um todo, não estaria dando claros sinais de desgaste?
Levando para a prorrogação
Depois de trabalhar tanto a jogada, a Konami não pode simplesmente mandar pra fora na cara do gol – por isso, a empresa anunciou uma série de melhorias para Pro Evolution Soccer 2012: inteligência artificial, física dos jogadores e da bola, velocidade e animações foram todas aprimoradas. Acabou também a apelação das roubadas de bola impossíveis, e agora o posicionamento dos atletas em campo ganhou uma importância maior, graças a um novo sistema de controle que permite se livrar da marcação com mais facilidade, abrindo um leque de possibilidades na criação de jogadas.
Se depender da Konami, o título de melhor game de futebol dos videogames não será entregue nesta geração – se a empresa conseguir revolucionar os conceitos que sustentaram a franquia, é bem provável que a decisão seja nos pênaltis, isto é, no "Playstation 4" e "Xbox 720".
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